Na última terça-feira (17/01), turistas e moradores de Paraty fizeram diversas reclamações nas redes sociais sobre maus-tratos com animais observados no município. De acordo com os posts, apesar das belas paisagens e clima acolhedor, o local infelizmente carrega “um atraso cultural sem tamanho” com infraestruturas antigas e utilização de cavalos que puxam charretes pelas ruas da cidade.
Uma moradora de Paraty que preferiu não se identificar, usou as redes sociais para denunciar a utilização de charretes nos dias atuais. “Boa parte da população repudia esta situação. Estou aqui há 9 anos e neste tempo circularam muitos abaixo-assinados com expressiva manifestação contra a tração animal. O piso pé-de-moleque é acidentado e irregular, o que sacrifica demais a marcha dos cavalos. Além disso, quando chove é extremamente escorregadio e devido a rede elétrica ser subterrânea, o que pode causar curto circuito nas marés altas, já provocou a morte de um cavalo das charretes, eletrocutado”.
Nos posts, muitas pessoas também falaram sobre a questão de que muitas vezes colocam peso excessivo em cima desses animas e das charretes. “Paraty tratando-se de uma cidade reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade deveria dar exemplo e não promover o atraso através dos maus tratos. O descaso do poder público e o financiamento ao sofrimento através do turismo predatório, enfeia e desumaniza esta cidade cuja beleza e hospitalidade são predicativos. O Centro Histórico pode ser apreciado através de passeios a pé, com guias treinados. Não há justificativa para a escravidão destes animais”, completou.
A turista Luca Simioni usou as redes sociais para chamar atenção para esse caso. “Charretes puxadas por cavalos em meio aquelas pedras horríveis de caminhar, ferraduras quase enterradas em seus cascos, calor insuportável, um guia que na maioria das vezes passa informação incorreta e por fim, o turista que ajuda a financiar esse tipo de maus tratos mesmo sem ter a intenção”, desabafou.
Segundo veterinário, Gabriel Munay, “maus tratos contra os animais é um crime. Em relação aos animais silvestres, estes ainda são muito explorados pelas ações humanas, principalmente pelo tráfico de animais. São retirados da natureza, passam por transportes inadequados e situações bem ruins somente para satisfazer vontades humanas. E em sua grande maioria os animais morrem antes de chegar ao seu destino. Sabendo que o Brasil é um dos países com maior biodiversidade mundial, o tráfico contribui para diminuir mais ainda essa nossa riqueza”.
Os números contra esse tipo de violência ainda assustam. Desde o início de 2022, o programa Linha Verde do Disque Denúncias já cadastrou mais de 5.333 denúncias sobre crimes ambientais em todo o estado do Rio de Janeiro. Entre esses, mais da metade, ou seja, 3.387 é referente ao crime de maus tratos contra animais.
A Prefeitura de Paraty foi questionada sobre o uso de charretes no município, mas ainda não se manifestou.
Como denunciar?
A população de todo o Estado do Rio pode denunciar esse e outros crimes contra o meio ambiente ao Linha Verde, do Disque Denúncia, através dos telefones (21) 2253 1177 e 0300 253 1177 (interior – custo de ligação local), pelo aplicativo “Disque Denúncia RJ”, site do Disque Denúncia (www.disquedenuncia.org.br) ou ainda pela página do Linha Verde no Facebook (www.facebook.com/linhaverdedd). Em todos os canais, o anonimato é garantido ao denunciante.
*estagiária sob supervisão de Raquel Morais